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Rede de Sementes do Cerrado apresenta resultados e FNMA anuncia que vai financiar projetos ambientais em diferentes biomas

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Assessoria -  Uma oportunidade de incrementar as garantias de proteção, valorização e preservação do bioma Cerrado por meio de  capacitação, conhecimento e parcerias é o que o projeto Semeando o Bioma Cerrado proporcionou a mais de 4,5 mil pessoas nos últimos quatro anos. Levou seus propósitos a 14 diferentes cidades, alcançou tanto crianças de escolas rurais quanto professores, técnicos, engenheiros e acadêmicos. Nesta sexta-feira (27) o coordenador do projeto, Rozalvo Andrigueto, apresentou em Brasília, para 150 convidados ao Workshop: Modelo de produção de sementes e mudas florestais, os resultados do trabalho realizado com patrocínio da Petrobras. Os representantes do Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura apresentaram novidades sobre legislação e fontes de financiamento de projetos de conservação, sustentabilidade e produção de água e extensão florestal.
Ao promover a preservação e valorização do Bioma, o projeto teve como objetivo estimular os elos da cadeia produtiva de sementes, mudas florestais e espécies nativas a se adequarem à legislação e adotarem modelos eficientes de produção para promover o desenvolvimento sustentável, frisou Andrigueto. No período, foram demarcadas 115 Áreas de Coleta de Sementes, georeferenciadas 6.936 árvores de 387 espécies, das quais 9 ameaçadas de extinção como a itaúba, o palmito juçara, o jequitibá vermelho e a castanha do Brasil.
Áreas de atuação - Por meio de encontros, cursos, oficinas de capacitação, apresentação de trabalhos científicos, elaboração de cartilhas, manuais, implantação modelos de restauração e uma unidade de beneficiamento e armazenamento de sementes e outra de manuseio, o projeto Semeando o Bioma Cerrado, superou a meta inicial. O coordenador atribui as realizações ao empenho da equipe e dos parceiros e dividiu-as em seis áreas temáticas desde a identificação de árvores e madeiras do Cerrado ao aproveitamento culinário dos frutos do Bioma passando por ações relevantes como a seleção e marcação de matrizes, coleta, capacitação para manejo e beneficiamento de sementes, cursos de viveiros e de produção de mudas florestais nativas, além da seleção, medição e georeferenciamento de matrizes.
O legado do Semeando o Bioma Cerrado para moradores dos 14 municípios dos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e do Distrito Federal e especialmente para a preservação e recuperação do próprio bioma é traduzido em números expressivos, que segundo Adrigueto, ainda são pequenos diante da dimensão do problema que ameaça agravar o desequilíbrio do Cerrado.

Semeando o bioma cerrado em números
De acordo com o balanço do projeto apresentado nesta sexta-feira, no período de quatro anos :

  • 2.386 crianças e jovens, estudantes de 18 escolas rurais e urbanas, foram conscientizados dos riscos de degradação do bioma;
  • 1.480 pessoas foram capacitadas por intermédio de 49 cursos com programação focada em identificação de árvores e madeiras do Cerrado; seleção e marcação de matrizes; coleta, manejo e beneficiamento de sementes; viveiros e produção de unidades florestais nativas capacitação continuada em recuperação de áreas degradadas; instalação e manejo de mudas.
  • 284 professores de ensino infantil e fundamental foram mobilizados para promover a educação ambiental no contexto da conservação dos recursos naturais;
  • 234 professores participaram de cinco oficinas de capacitação para educação ambiental;
  • 89 produtores rurais receberam informações sobre preservação e manejo de sementes em cinco oficinas de educação ambiental realizadas em comunidades rurais;
  • 272 educadores ambientais participaram de dois encontros para troca de melhores práticas em sala de aula;
  • 6.936 árvores de 387 espécies nativas foram georeferenciadas;
  • Sete trabalhos científicos foram publicados e apresentados em congressos nacionais e internacionais, entre os quais um conquistou o segundo lugar como melhor trabalho científico do 23º Congresso Panamericano de Semilla, onde estiveram presentes 12 paises;
  • 15 cartilhas técnicas e sete manuais foram editados e distribuídos como suporte aos cursos, produzidos e revisados por professores de agronomia, engenheiros florestais, biólogos e professores de educação ambiental.
  • 115 áreas de coleta de sementes foram demarcadas (cerca de 1150 hectares);
  • 9 unidades de capacitação na produção de sementes e mudas florestais foram estruturadas;
  • Uma unidade de beneficiamento e armazenagem de sementes florestais foi instalada na Universidade Federal de Goiás (UFG) e uma unidade de manuseio na Embrapa Agrossilvipastoril;
  • Modelos de restauração do Cerrado em áreas degradadas foram implantados em sete hectares com plantio de sete mil mudas e por semeadura direta de duas toneladas de sementes nativas;
  • Dois encontros foram promovidos com o propósito de ampliar as experiências entre projetos de outros biomas brasileiros por meio da integração de redes;
  • 18 Visitas técnicas foram realizadas com o objetivo de buscar experiências bem sucedidas em unidades demonstrativas do Sistema de Integração, Lavoura, Pecuária e Floresta em unidades comparativas do Programa de Produção Integradas de Sistemas Agropecuários em Microbacias (PISA) e em viveiros modelo de excelência, além de intercâmbios com a Rede de Sementes do Xingu
  • 2 Encontros das Redes de Sementes Florestais dos Biomas
  • Uma reunião de planejamento estratégico para definir alternativas de sustentabilidade das redes de sementes florestais foi realizada;
  • Dois workshops foram promovidos para disponibilizar aos elos de cadeias produtiva os resultados do Projeto.


Ganhar escala - Representando o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), do Ministério do Meio Ambiente, Ana Beatriz de Oliveira, lembrou que quando as primeiras oito redes de sementes foram criadas, no ano 2000, não imaginava que passariam a prestar serviço para a produção e que agora “precisam ganhar escala, robustez”. Ela apresentou o FNMA como uma opção de financiamento para este crescimento. Para uma plateia de representantes de redes de sementes do Cerrado, da Amazônia, da Caatinga, do Pantanal e da Mata Atlântica, que vieram a Brasília prestigiar o trabalho do projeto Semeando o Bioma Cerrado e tratar da rearticulação para transformar ideias em ações mais visíveis, Ana Beatriz deixou uma mensagem animadora. Ela listou os propósitos que o FNMA apoia: Conservação e manejo da biodiversidade; Sociedade sustentável e Qualidade ambiental, além de produção de água e extensão florestal. Como acessar os recursos é tema que já passou a fazer parte da pauta de integração das redes depois deste encontro.
Redes unidas - A representante da Rede de Sementes da Mata Atlântica, Fátima Piña Rodrigues, apresentou o que resultou desses dois dias de encontro de redes quando traçaram um planejamento estratégico inspirado no trabalho feito pelo projeto Semeando o Bioma Cerrado. “Não é fácil levar um ideal como este”, completou Magaly Wetzel, ex-presidente da Rede de Sementes do Cerrado lembrando a fundadora da organização, a professora Linda Caldas.
A atual presidente da Rede, Regina Célia de Souza, também agradeceu a dedicação e os resultados do professor Rozalvo Andrigueto com o projeto e sua capacidade de manter a equipe coesa e empenhada em desenvolver ações com eficiência e eficácia.
O representante do Ministério da Agricultura, João Fratini Ramos, da Secretaria de Defesa, citou a legislação do setor e ao verificar nos resultados do projeto a marcação de Áreas de Coleta de Sementes, declarou que o Semeando o Bioma Cerrado está “fazendo algo a mais que a legislação pede”. Este é um aspecto discutido no Ministério segundo Fratini, pois é real a necessidade de ter a informação sobre as variações genéticas dos biomas. Ele pontuou a capacitação para o conhecimento e cumprimento da legislação entre os desafios que o Ministério enfrenta atualmente.
A consultora Solange Narita, que atua na área de redução de desmatamento e queimadas no Cerrado do Piauí, contou que sai com a expectativa de integrar a articulação e atuar com maior troca de informações e experiências para os resultados da sua atividade, uma vez que “o Cerrado do Piauí é uma área de expansão agrícola de grandes culturas” e ela se preocupa com as espécies florestais na composição do bioma.
Ameaça - O Cerrado brasileiro é o segundo maior bioma do País com uma área de cerca de dois milhões de quilômetros quadrados (quase 205 mil campos de futebol) que envolve 11 estados da federação desde a região Norte até o estado do Paraná, na região Sul. O Cerrado também tem sua riqueza medida no fato de fazer fronteira com biomas da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga, o que lhe rende uma biodiversidade muito grande. Mas o segundo maior bioma do Brasil corre o risco de ficar restrito às unidades de conservação, terras indígenas e áreas impróprias à agricultura até 2030, se o ritmo atual de degradação continuar. Restam cerca de 50% dos dois milhões de quilômetros quadrados originais deste bioma onde pouco mais de 2,2% está protegido em unidades de conservação.

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