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Mudanças climáticas podem aumentar pobreza no semi-árido

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

De acordo com o recém divulgado relatório das Organizações das Nações Unidas “Shock Waves” (Ondas de choque, em português) as mudanças climáticas podem levar mais de 100 milhões de pessoas à pobreza, além de tornar mais difícil a vida de populações que vivem em regiões de seca, como o semi-árido brasileiro, que ocorre principalmente na região Nordeste. A previsão dos autores é que deve haver um aumento, já nos próximos anos, da expansão das áreas com seca extrema, o que irá provocar um aumento do estresse hídrico, colocando em risco o abastecimento de água, sobretudo para os pequenos produtores.

A previsão da Onu é corroborada por Antônio Rocha Magalhães, assessor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. “A contribuição do semi-árido para às mudanças climáticas é irrisória, mas será uma das regiões mais afetadas”, comentou durante palestra no Encontro Intercontinental sobre a Natureza, em Fortaleza (CE), na segunda-feira (23/11).

Para o assessor, o que acontece no semi-árido reflete o que também acontece em outras regiões no mundo, afetando 35% da população do planeta. São nas regiões mais secas que estão os maiores índices de pobreza, e os piores índices de desenvolvimento humano e onde há menos acesso a serviços públicos básicos como educação, saúde, segurança alimentar e acesso à agua.

Especialistas apontam que esta já é a pior seca do século no Nordeste e que a tendência é que continue em 2016, o que pode comprometer o abastecimento em áreas metropolitanas e interior, da mesma forma que aconteceu na capital paulista nos últimos dois anos. No Ceará, por exemplo, um dos principais estados do Nordeste, a situação da distribuição de água se aproxima do nível crítico. Dos 153 açudes monitorados pelo governo estadual, que tem capacidade de 18,71 bilhões de m3 de água estão operando com 14% desse volume. O maior de todos, o Castanhão, em Jaguaribara, possui capacidade para 6,7 bilhões de m3 de água e abastece a capital do estado e municípios vizinhos está operando com apenas 700 milhões de m3 e pode secar até julho do ano que vem se não chover a montante do reservatório.

Para Magalhães, é preciso que se invista em ações mitigação e adaptação na região do semi-árido, com uma velocidade muito maior do que já vem ocorrendo. Entre as opções estão a construção de cisternas, não só para o uso humano, mas também para a agricultura familiar e pecuária de subsistência para garantir a sobrevivência do sertanejo. Já o relatório da Onu aponta a necessidade da redução das emissões de carbono e do investimento em energia renovável em áreas rurais e adoção de medidas de eficiência energética como lâmpadas e aparelhos eletrônicos mais econômicos. A Onu recomenda ainda a criação de fundos para proteger as pessoas mais pobres, cujo recurso poderia vir da criação de impostos ou remoção de subsídio dos combustíveis fósseis.


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