Curso ensina novas técnicas no preparo de alimentos com castanha do Brasil
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Produzir novos alimentos a partir da farinha da castanha do Brasil. Este foi um dos aprendizados que um grupo de 83 pessoas recebeu durante um curso na semana passada no Assentamento Vale do Amanhecer, em Juruena, no noroeste de Mato Grosso, a 830 km de Cuiabá. A maior parte dos participantes faz parte da Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia (AMCA) e da Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (COOPAVAM), que funcionam no assentamento. As duas entidades beneficiam produtos a partir da castanha (também conhecida como castanha do Pará) como o óleo, além da farinha, doce, macarrão e biscoitos.
A farinha da castanha é um subproduto da fabricação do óleo, que é comercializada com uma empresa nacional do ramo de cosméticos, e tem serventia na fabricação de vários produtos como o macarrão, doces e biscoitos de castanha. Por ser um alimento rico em proteína, gorduras mono e poliinsaturadas e antioxidantes - vitamina E, e selênio as escolas públicas da região também recebem esses produtos produzidos por estas entidades por meio do Programa de Aquisição de Alimentos da Conab. Por esse motivo, várias merendeiras das escolas da região, que recebem os produtos, participaram do curso para aprenderem a fazer novas receitas utilizando a farinha de castanha.
Para Paulo Nunes, coordenador do Projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena – ADERJUR com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, este curso foi pensado como uma parceria com a Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). “A nossa proposta ao trazer os doutores Márcio Lima e Thaís Hernandes é de agregar qualidade aos produtos produzidos no assentamento, que é apoiado pelo projeto”, explica.
O curso foi dividido em duas partes. Na parte teórica, foram abordados temas como higiene, microbiologia, qualidade, redução de desperdício e organização. Na parte prática foram testadas novas receitas e buscado uma padronização na produção dos produtos, como o doce, biscoitos e paçoca de castanha. As merendeiras aprenderam a preparar também farofa de carne moída e rocambole de carne enriquecidos com a farinha.
"É um trabalho praticamente inédito e muito importante para o Estado, que está se desenvolvendo na região”, avalia Márcio Lima, um dos ministrantes do curso. “Há um aspecto social muito importante, pois é usado um produto do extrativismo indígena e rural que tem um beneficiamento por assentados e que é consumido, em parte, pelos alunos do ensino público”, avalia o pesquisador.
“Além disso, é uma fonte inesgotável de pesquisas para vários cursos como a nutrição, ciência e tecnologia de alimentos e engenharia de alimentos”, complementa. De acordo com Lima a utilização de produtos regionais e ricos em nutrientes é uma forma de gerar empregos e conhecimento. Ao substituir, por exemplo, o azeite de oliva e a castanha do caju pelo óleo e amêndoa da castanha do Brasil começa-se a ter novas alternativas na alimentação regional. “O leite é algo que também é bastante comum no Noroeste e pode ser introduzido em novas receitas com a castanha”, aponta Lima.
Além do curso ministrado entre os dias 11 e 13 de fevereiro os pesquisadores estão desenvolvendo um diagnóstico do preparo dos produtos e devem acompanhar a produção da AMCA e COOPAVAM por 12 meses. A expectativa é que as entidades sejam monitoradas em todas as fases de produção ajudando-as a suprirem as demandas de alimentação da região Noroeste.
AMCA e COOPAVAM
A COOPAVAM, nos últimos quatro anos, gerou emprego e renda para mais de 1000 pessoas, desde as comunidades mais distantes, que coletam a fruta na floresta, até as mulheres que trabalham no beneficiamento dentro da fábrica. Extrativistas têm conseguido uma remuneração que alcançou até R$ 300,00 por dia com a coleta da castanha. A meta agora é atingir o mercado nacional com a oportunidade que a COOPAVAM conquistou através do Projeto Talentos do Brasil Rural, que vai abrir mercado para os derivados da castanha nas 12 cidades sede da Copa do Mundo de Futebol.
Com as capacitações recebidas a Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia (AMCA), que produz biscoito e macarrão com a farinha de castanha, comercializados principalmente para a CONAB através do seu Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), continuará a ampliar seu leque de produtos. O biscoito e o macarrão, por exemplo, são distribuídos na rede pública de ensino e instituições de assistência social da região Noroeste de Mato Grosso. Por este trabalho, a AMCA, que tem cerca de 120 associadas, foi premiada no ano passado com o Prêmio de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil.
Com apoio do projeto Poço de Carbono Juruena, as duas entidades juntas beneficiaram 330 toneladas de castanha em 2012, produção que levou R$ 990 mil para dentro da floresta como pagamento aos extrativistas. Este recurso aliado ao salário das mulheres que beneficiam a castanha em amêndoas, biscoitos, doces, azeite e macarrão, fez girar R$ 1,5 milhão na economia local, com a cadeia produtiva da castanha do Brasil, beneficiando 22 mil pessoas.
Em 2013, este trabalho será ampliado atendendo um público de mais de 33 mil pessoas nos Municípios de Aripuanã, Brasnorte, Castanheira, Colniza, Cotriguaçu, Juína e Juruena. Segundo Lucinéia Machado, técnica que coordena esta atividade no Poço de Carbono, o mercado institucional é amplo e ainda poderá beneficiar centenas de famílias, garantindo alimentação mais saudável e gerando emprego e renda.
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