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Cooperativa triplica produção de castanhas-do-Brasil

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Com apenas três anos de existência, a Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam) irá triplicar a sua produção, saindo das 30 toneladas de castanhas em amêndoas beneficiadas em 2009 para cerca de 90 toneladas este ano. Desde que foi instalada em 2008 a cooperativa vem se solidificando como uma alternativa econômica sustentável e viável a agricultores familiares e também para comunidades indígenas e tradicionais, de onde vem a maior parte da castanha com casca.

Atualmente, a cooperativa vende as castanhas para três empresas do gênero alimentício e fechou contrato com uma empresa de cosméticos, responsável por boa parte do aumento da produção. Além disso, a castanha da cooperativa é distribuída em escolas para merenda escolar nos municípios de Juruena, Juína, Cotriguaçu, Aripuanã e Castanheira por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). “Nossa produção só não é maior por falta de castanha na região e não por falta de clientes”, explica Airton Benini, presidente da Coopavam. “Nós temos uma grande procura de clientes porque nossa castanha é orgânica e certificada pela Ecocert, o que dá uma credibilidade boa para nós”, complementa.

Benini é otimista em relação a fábrica instalada no assentamento mas destaca que sem importantes parcerias essa realidade seria mais difícil de ser alcançada. “As parcerias que a gente fez foram excelentes pra nós”, considera. Uma das parcerias é o projeto Poço de Carbono Juruena que tem auxiliado no transporte dos produtos mas principalmente na articulação de projetos e parceiros como os recém negociados para a produção de castanha para a empresa de cosméticas e a compra de castanha dos índios Rikbaktsa por um preço bem acima da média praticada na região noroeste.

“Um dos objetivos do projeto é apoiar a comercialização de produtos florestais não-madeireiros e que tem sido alcançado em função do trabalho da Cooperativa e da Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia (AMCA), que também funciona no assentamento”, explica Paulo Nunes, coordenador técnico do projeto Poço de Carbono Juruena.

“Essas parcerias que nós ajudamos a estabelecer aumentaram o número de pessoas que coletam castanha dentro do assentamento e isso gera uma outra função ambiental, que é aumentar a capacidade de conservação da reserva legal, já que mais pessoas transitam nela e dependem economicamente dos produtos florestais não-madeireiros que ali estão”, complementa.

Airton Benini, presidente da Coopavam, explica que no início dos trabalhos havia quatro moradores do assentamento coletando castanhas na reserva legal. Atualmente este número subiu para doze que coletam castanhas em outras áreas privadas de Juruena, Aripuanã e Cotriguaçu com a permissão de seus donos.
Os trabalhadores da fábrica também aumentaram por três e já são 25 pessoas que secam, quebram, selecionam e empacotam as amêndoas de castanha. Os que trabalham diretamente na quebra da casca da castanha ganham dois reais por quilo de amêndoa produzida. “Na média dá pra tirar 30 reais por dia mas tem gente que consegue fazer até 40 reais num dia”, explica Benini.

Elianai Santos Bueno está há dois anos morando no assentamento Vale do Amanhecer e há pouco mais de dois meses trabalha na cooperativa. Para ela, sua vida mudou. “É um trabalho bom porque a gente ganha dinheiro, faz amigos e ajuda o meio ambiente”, explica a ex-dona de casa que já conseguiu comprar um rack de TV e uma antena parabólica para sua casa. “Trabalhar em algo da comunidade é bem melhor do que trabalhar na casa dos outros”, finaliza.

Carbono Juruena
O objetivo central do projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental, desenvolvido na região Noroeste de Mato Grosso, é demonstrar a viabilidade econômica de sequestro de carbono por meio de Sistemas Agroflorestais – SAFs, que fixam o carbono e geram renda aos pequenos e médios agricultores rurais de forma associada e participativa. A expectativa é que seja um modelo de projeto de desenvolvimento rural e conservação ambiental que tem como alavanca, a futura venda de créditos de carbono. Doze Instituições do Governo Federal, Estado e sociedade civil apóiam esta iniciativa, que já se destaca pelo alcance de seus resultados, demonstrados através do site do SIG e também do seu site www.carbonojuruena.org.br.

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