André Alves* - Entre 2007 e 2009 o tema das mudanças climáticas foi assunto de cientistas, governos e vários conceitos científicos foram muito bem trabalhados pela mídia pela urgência da necessidade de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Mudanças essas aceleradas pela ação humana nos últimos cem anos.
Nesse período houve a publicação do famoso e, embora questionado por alguns cientistas, importantíssimo relatório do IPCC (Painel Internacional de Mudanças Climáticas). O ex vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore e o entusiasmado ator Leonardo Di Caprio produziram importantes documentários para mostrar ao mundo o quanto é grave e irreversível muitas mudanças em curso, mas que podem e devem ser mitigadas e a população e os governos precisam se adaptar a isso.
No Brasil passos importantes foram dados como a criação do Fundo Amazônia, a discussão profunda de mecanismos de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). Em Mato Grosso medidas como a retomada do Zoneamento Sócio-Econômico Ecológico (ZSEE), a criação do MT Floresta e do Fórum de Mudanças Climáticas apontavam uma o princípio de uma reação eficiente, ainda que não na escala necessária para convivermos com as mudanças que estão acontecendo no planeta.
No entanto, o que deveria ser o ano da sequência, do fortalecimento, dos avanços científicos, políticos, econômicos e sociais frente às Mudanças Climáticas se mostrou gélido: em escala global a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-16), realizada no final do ano passado no México teve resultados mornos. No Brasil a campanha política eleitoral desviou o foco dos temas ambientais mesmo com uma importante candidata à presidência da República e em Mato Grosso o Zoneamento está até agora patinando numa camada de gelo muito fina, com risco de se romper a qualquer momento.
Ou seja, todos os dados científicos, todos os alertas, toda a construção da participação da sociedade civil quase caiu por terra em 2010, como se o planeta Terra fosse uma simples criança em que basta fechar os olhos para o grande monstro das mudanças climáticas desaparecer.
2011 é a hora do acordar para a gravidade do problema do estado de sonolência que estava no ano passado. Em todo o mundo os alimentos tiveram aumento recorde por conta das extremidades de frio na Rússia e Europa e a seca acentuada no sul do Brasil e as chuvas que estão novamente inundando regiões inteiras nas outras regiões do país. Se o futuro do planeta e vidas de milhões de inocentes não afetam a mente dos tomadores de decisão, quem sabe agora, apertando onde mais dói em políticos (o bolso) a situação não volte a tomar o rumo necessário.
* André Alves é Jornalista em Cuiabá e secretário-executivo do Núcleo de Ecomunicadores dos Matos - NEM
Mudança climática: um assunto que não pode cair por terra
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terça-feira, 11 de janeiro de 2011
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