Núcleo de Ecomunicadores dos Matos
Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul foi uma das cidades escolhidas pelo premiado jornalista ambiental Vilmar Sidnei Demamam Berna, editor do portal http://www.jornaldomeioambiente.com.br/ e fundador da Rede Brasileira de Informações Ambientais (Rebia), para lançar seu novo livro Comunicação ambiental — Reflexões e práticas em educação e comunicação ambiental, da editora Paulus.
A obra tem como objetivo auxiliar aqueles que buscam conscientizar a sociedade para as causas do meio ambiente. Para isso, Berna sugere maneiras práticas para inserir a comunicação e a educação ambiental, tanto nos veículos de comunicação e empresas, como nas escolas e comunidades, além de sugerir uma linguagem de fácil compreensão para todo e qualquer tipo de público.
Visita ao Pantanal
Durante uma semana Vilmar Berna conheceu o Pantanal nos municípios de Miranda e Corumbá, coletando entrevistas e informações sobre as percepções da população pantaneira sobre as mudanças climáticas para subsidiar sua próxima obra, sobre o aquecimento global nas áreas úmidas do Brasil. “É impressionante o conhecimento dos pantaneiros sobre a dinâmica das águas, eles conseguem interpretar e entender a natureza dessa região espetacular”, revela.
Segundo Berna, Mato Grosso do Sul foi escolhido para lançar a obra por dois motivos, o primeiro é o fato de até 85% do Pantanal estar ameaçado com os impactos negativos do aquecimento global, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). “No Brasil, é o bioma mais ameaçado por esse fenômeno”, revela Berna.
Homenagem a Francelmo
O segundo motivo que trouxe o jornalista ambiental a MS foi Francelmo, um dos primeiros ambientalistas e jornalistas ambientais do Brasil. No dia do lançamento de sua obra (25 de outubro), Vilmar Berna prestou homenagens a Francisco Anselmo Gomes de Barros lembrando de seu ato heróico e colocando flores brancas no monumento em sua homenagem, localizado na rua Barão do Rio Branco, em frente ao Bar do Zé, em Campo Grande.
Iracema Sampaio, culinarista, escritora, editora e viúva de Francelmo lembrou que a atitude de seu marido não foi de um suicida, mas de um homem de muita coragem. “Toda a vida ele fez as coisas muito consciente e com muita seriedade, por isso tenho pena de quem acha que ele foi um louco”, afirmou lembrando que se soubesse que Francelmo se imolaria, o deixaria amarrado até hoje.
Jorge Gonda, professor aposentado da UFMS, amigo de Francelmo, hoje presidente da Fundação Francisco Anselmo para Conservação da Natureza (Fuconams), conviveu durante 30 anos com o ambientalista e declarou emocionado: “Só quem conheceu o Anselmo entende seu ato porque, muitas vezes, o meio ambiente para ele era mais importante do que a própria família, era sua vida”.
O jornalista Vilmar Berna foi um dos poucos jornalistas ambientais que entenderam o profundo significado do ato de Francelmo e declarou também emocionado:
“Conheci ele nos encontros que faízamos em nível nacional. Eu era jornalista como ele e também ambientalista. Participávamos de manifestações, congressos, eventos e me impressionou muito o amor do Francelmo pela causa ambiental, pelo Pantanal. Ele era dessa linha espiritual, de uma relação afetiva com a natureza.
Em 12 de novembro de 2005 ele se imolou em no centro de Campo Grande. No próximo dia 12 de novembro de 2010 faz cinco anos... então pensei que seria uma oportunidade de lembrarmos que seu ato não foi um suicídio!
Quando uma pessoa toca fogo ao seu próprio corpo por uma causa, isso tem outro nome: é imolação. Quem fazia isso? Os monjes budistas, para protestar contra a guerra do Vietnan.
Me preocupa muito as pessoas compreenderem e valorizarem exatamente o que o Francelmo fez. Ele foi o único mártir brasileiro pela causa ambiental.
De certa forma Chico Mendes também foi um mártir pois ele estava ameaçado de morte e sabia que poderia morrer, e não deixou de fazer sua luta.
Mas o Francelmo, ele foi um verdadeiro herói brasileiro, que dedicou sua própria vida à vida desse Pantanal e do meio ambiente do país. Foi um ato muito difícil para ele, eu tenho certeza. Ele não se suicidou, ele se imolou num ato de coragem, é muito diferente!
Se valeu a pena? Eu tenho certeza que valeu. Acho que no Pantanal, seja em Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul, o ato do Francelmo deu uma freada na velocidade do modelo predatório que estava vindo, injusto, megalômano.
Hoje (25 de outubro de 2010), conversando com a Iracema, viúva do Francelmo, ela me falou que ele não disse um ai, não fechou o nariz, não tentou correr, até o último suspiro ele estava consciente do que estava fazendo.
Ele fez um gesto extremo de amor por esse Pantanal, pelo meio ambiente e alertou para a indiferença da sociedade para o que estava acontecendo. Ele alertou os cientistas que às vezes se vendem em troca de um apoio para uma pesquisa e embarcam num modelo injusto, predatório, insustentável.
O Francelmo escreveu 17 cartas onde em momento algum chamou atenção para si. As cartas tratam do Pantanal, do alerta... isso foi um gesto único no Brasil e não conheço outro igual.
Coloco o Francelmo entre os mártires que esse país teve e como um herói pela coragem que teve.
Não recomendo ninguém reproduzir esse ato, mas precisamos reconhecer o simbolismo do que aconteceu aqui (Campo Grande – MS).
Conhecendo a Iracema, uma senhora idosa que está na cadeira de rodas, faz quimioterapia e faz trabalho nas comunidades dando palestras sobre como as pessoas mais pobres podem usar melhor o alimento, extrair o melhor, comer mais saudável, mais barato, fico pensando que ela poderia estar em casa, parada, se queixando... e não! É incrível a história de vida dessas pessoas, emociona a gente.”
Sobre a obra
Comunicação Ambiental – Reflexões e práticas em educação e comunicação ambiental é indicado para professores, profissionais da área ambiental, da comunicação e todos interessados no assunto. O livro salienta a importância do poder da informação para que a sociedade possa se mobilizar perante os constantes problemas vividos pelo meio ambiente numa época em que ocorre a transição entre o desenvolvimento tradicional insustentável e a busca de construção de sociedades sustentáveis. “A divulgação de mentiras e meias verdades, e de mitos como se fossem verdade, é uma estratégia para manter o domínio sobre a opinião pública, uma espécie de novo colonialismo através da informação”, afirma o autor.
Sobre o autor
Vilmar Sidnei Demamam Berna é jornalista, ambientalista e foi reconhecido por sua luta pela formação da cidadania ambiental planetária. Ganhou pelas Organizações das Nações Unidas – ONU, em 1999, no Japão, o Prêmio Global 500 para o Meio Ambiente. Entre os livros que publicou pela Paulus está Como fazer educação ambiental, que mais tarde se transformou em um curso à distância pela Universidade Federal Fluminense.
Mais informações
Editora Paullus em Campo Grande: (67) 3382 3251, falar com Lázaro.
Para ler mais artigos do Vilmar: http://www.portaldomeioambiente.org.br/colunistas-da-rebia/vilmar-s-d-berna.html
Sobre a REBIA: http://www.portaldomeioambiente.org.br/rebia/o-que-e-a-rebia.html
Contatos com o autor:
Vilmar S. D. Berna www.escritorvilmarberna.com.br
Editor da Revista do Meio Ambiente e do Portal do Meio Ambiente www.portaldomeioambiente.org.br
Fundador da REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental - www.rebia.org.br
E-mail: vilmar@rebia.org.br
Francelmo é homenageado por premiado jornalista ambiental
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010
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