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Reflexões deixadas pelo Dia Mundial da Alimentação

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Assessoria - O Dia Mundial da Alimentação, comemorado na última semana (16/10), trouxe reflexões importantes sobre o desperdício e a má qualidade dos alimentos consumidos na atualidade, sem deixar de lado a séria questão da privação alimentar que atinge, segundo dados da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO), 842 milhões de pessoas em todo mundo.

Atualmente um terço dos alimentos produzidos no planeta é desperdiçado, ou seja, 1,3 mil milhões de toneladas vão parar no lixo ou são perdidas entre o processo de produção, armazenamento e venda ao consumidor. Uma pesquisa realizada pela FAO no Brasil identificou que são desperdiçadas anualmente 26 milhões de toneladas de alimentos, quantidade que daria para abastecer quase um terço da população.

Segundo Esther Vivas, membro do Centro de Estudos sobre Movimentos Sociais na Universidade Pompeu Fabra em Barcelona, a privação de alimentos contrasta com o número de obesos, “Atualmente, enquanto milhões de pessoas no mundo não têm o que comer, outros comem muito e mal. A obesidade e a fome são os dois lados da mesma moeda: a de um sistema alimentar que não funciona e que condena milhões de pessoas à má nutrição. Vivemos, definitivamente, em um mundo de obesos e famélicos”, afirmou a ativista.

Para a nutricionista e professora do curso de saúde coletiva da UFMT, Márcia Montanari, ter acesso a alimentação não significa qualidade nutricional, “há uma diferença entre aquilo que se come e aquilo que biologicamente nosso corpo necessita para  funcionar de forma saudável e equilibrada. Precisamos diversificar e incluir em nossa dieta diária vários grupos alimentares como proteínas, carboidratos, lipídios e  alimentos ricos em micronutrientes, que são as vitaminas e sais minerais presentes nas frutas, verduras, castanhas e grãos integrais. A alimentação excessivamente calórica oferecida à população é pobre de diversidade, esse é um dos motivos da obsidade que atinge 500 milhões de pessoas no mundo.

A IV Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, ocorrida em agosto deste ano em Cuiabá, teve como tema  “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar”. De acordo com Ralfe Lourenço, do Projeto Espaço Vitória – iniciativa socioambiental patrocinada pela Petrobras que incentiva a agroecologia - a Conferência trouxe  reflexões importantes ao relacionar segurança alimentar com a agrobiodiversidade, agricultura familiar e a produção de alimentos livres de agrotóxicos e transgênicos.

“Não adiante produzir alimentos sem qualidade sanitária que podem trazer consequências graves para a saúde da população. Um dado alarmante trazido no Dossiê Abrasco, livro publicado este ano pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva, é a ligação dos agrotóxicos com o surgimento de vários tipos de câncer e a afirmação que 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos.  Informações como estas não podem ser separadas do conceito de segurança alimentar buscado pela FAO”,  enfatizou Ralfe.






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