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Extrativistas retornam às origens com látex

segunda-feira, 21 de março de 2011

Os seringueiros da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, no Noroeste de Mato Grosso, localizada nos municípios de Colniza e Aripuanã retomaram no ano passado a extração do látex da seringueira. A vocação tradicional dos moradores da RESEX estava estagnada devido ao baixo preço que os atravessadores, também conhecidos como marreteiros, pagavam pelo produto. Por meio do Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade nas Florestas de Fronteira do Noroeste de Mato Grosso, executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente - SEMA-MT e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) foi estabelecido com a empresa Michelin uma parceria para a compra da produção da seringa da RESEX, assim como já é feito com a etnia Rikbaktsa.

A primeira produção é de cerca de duas toneladas, uma quantidade relativamente baixa se considerado o potencial da região, porém com um efeito extremamente benéfico à comunidade, que está com possibilidades concretas de retomar a atividade paralisada há mais de dez anos. “A Resex é carente e quando aparece uma oportunidade como essa você tem que abraçar a causa”, explica Sauly Petry, mais conhecido como Polaco, um dos principais articuladores para garantir a retomada da extração do látex.

Polaco, que mora no Roosevelt, explica que a retomada não teve a produção esperada porque os mais jovens precisaram aprender as técnicas de sangria e também porque as estradas de seringa precisavam ser reabertas. No entanto, ele acredita que com a venda dessa primeira safra mais extrativistas irão retomar essa atividade. “Nossa meta é produzir 5 mil quilos nessa safra. Não é uma grande quantidade, mas no começo não adianta ter uma grande expectativa”, explica.

Raimundo de Almeida, que mora no Guariba, também aposta na retomada da extração do látex. “As estradas de seringa estavam abandonadas e as seringueiras sem cortar há muitos anos, então o primeiro leite saiu muito grosso e tivemos que amansar o leite”, explica. “Mas com essa parceria com a Michelin a gente pode voltar a trabalhar nos meses de maio a novembro, quando volta a chover e as áreas da seringa ficam alagadas novamente”, complementa.

Para Raimundo, a retomada da extração ajuda a garantir a família no campo, uma vez muitas famílias mantém a coleta de castanha-do-Brasil nos primeiros meses do ano. Com a seringa irá diminuir a necessidade de buscar trabalhos temporários em fazendas da região.

Apesar dessa retomada, as comunidades da Reserva Guariba Roosevelt ainda precisa de melhorias na infra-estrutura. O acesso pelas estradas é precário e nos meses chuvosos é comum ficarem vários dias isolados esperando o nível do rio baixar ou improvisando o transporte por meio de canoas.

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