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De olho no mercado e na pesquisa

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


Dirceu (de chapéu) mostra a variedade de sua produção
A bela casa de dois andares é algo que se destaca quando alguém chega na propriedade do agricultor Dirceu Dezan, que fica a três quilômetros do centro de Juína. Mas não é preciso um olhar muito apurado para perceber a riqueza da biodiversidade que envolve sua residência e as várias tecnologias que ele conheceu, desenvolveu ou aperfeiçoou para diversificar sua produção.

Numa área de aproximadamente três hectares é possível encontrar chuchu, laranja, coco, banana, limão, cupuaçu, teca entre outras espécies vegetais. Dirceu também cria 70 carneiros e possui dois pequenos tanques ao redor da casa onde ele cria pirarucus, pintados, tambaquis, tambatingas e tilápias (somente macho). Toda essa diversidade é produzida com uma interação a mais, graças aos ajustes que ele fez na propriedade.

"Chuveiro" oxigena água do tanque de peixes.
A água da chuva que cai sobre sua casa, por exemplo, é canalizada para cair nos tanques onde Dirceu cria os peixes. Parte da água do tanque é usada para irrigar a plantação de chuchu e uma bomba puxa água do rio para os tanques, mais usado nos períodos de seca. Mas a água que sai do rio cai nos tanques como em um chuveiro para ajudar a oxigená-la. Até mesmo o esterco dos carneiros é colhido a cada oito dias para adubar as plantações. “Esterco de carneiro é o melhor adubo que há”, explica Dirceu.

A propriedade e as técnicas de Dirceu foram um grande aprendizado para Cecílio Rosa, agricultor que fez sua primeira visita técnica pelo projeto Poço de Carbono Juruena. “Eu aprendi muito sobre como produzir bem em pouco espaço e sem usar química”, salienta. “Quero trabalhar de forma correta e vi que tem várias opções baratas que podem ser usadas”, explica Cecílio, que pretende investir numa roda d’água para oxigenar a água da sua criação de peixes. O agricultor, que comprou uma chácara em Juruena e está recuperando parte da área degradada com incentivo do projeto Poço de Carbono, com a plantação de cerca de 3 mil mudas de teca, ipê, banana e cupuaçu, se sente agora mais otimista em relação a produção de sua propriedade.

Água da chuva da casa é captada para tanque de alevinos.
Essa motivação é vista com bons olhos por seu Dirceu Dezan, mas ele, que também é filho de agricultores, conta que para se dar bem na agricultura em pequena escala é preciso saber de dois segredos: tem que gostar de pesquisar e testar novidades para melhorar a produção e estar sempre atento ao mercado. “Tem que plantar o que dá dinheiro, o que tem mercado, mas produzir de uma forma diferenciada”, explica. “O passo certo é esse, pesquisa e atenção, pois tudo o que buscar com coragem e determinação a gente consegue”, sentencia.

Carbono Juruena
O objetivo central do projeto Poço de Carbono Juruena, executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental, desenvolvido na região Noroeste de Mato Grosso, é demonstrar a viabilidade econômica de sequestro de carbono por meio de Sistemas Agroflorestais – SAFs, que fixam o carbono e geram renda aos pequenos e médios agricultores rurais de forma associada e participativa. A expectativa é que seja um modelo de projeto de desenvolvimento rural e conservação ambiental que tem como alavanca, a futura venda de créditos de carbono. Doze Instituições do Governo Federal, Estado e sociedade civil apóiam esta iniciativa, que já se destaca pelo alcance de seus resultados, demonstrados através do site do SIG e também do seu site www.carbonojuruena.org.br.

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