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SAFs podem ser mais lucrativos

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Além de prestar serviços ambientais como o seqüestro de carbono, recuperação do solo, evitar o desmatamento e aumentar a biodiversidade local o uso de sistemas agroflorestais também podem ser lucrativos. Para o consultor Jorge Vivan, a alternativa mais viável e os exemplos mais bem sucedidos no Brasil são aqueles que unem nos SAF espécies diversificadas com valor comercial numa perspectiva de curto, médio e longo prazo. Os sistemas silvipastoris, que combinam árvores e criação de animais, como gado leiteiro, ovinos ou piscicultura é compatível e se beneficia destes sistemas, pois geram conforto térmico, alimento e aumento de valor nutricional nas pastagens consorciadas. “O sistema silvopastoril permite a criação de gado leiteiro que gera renda a curto e médio prazo, enquanto árvores de alto valor madeireiro como a teca, ou espécies nativas como o garrote irão gerar renda num espaço de tempo entre 15 a 25 anos”, explica.

Vivan é agrônomo e contratado pelo projeto “Conservação da Biodiversidade e Uso Sustentável das Florestas do Noroeste de Mato Grosso”, executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para levantar indicadores de aumento de renda, sequestro de carbono e melhoria da biodiversidade em 60 propriedades que adotaram os SAFs.

Um dos melhores exemplos dessa harmonia de criação de animais e espécies vegetais que geram renda em curto, médio e longo prazo é o catarinense Dirceu Dezan, que possui uma chácara no município de Juína, a 735 km de Cuiabá (MT). Dirceu afirma que desde criança gosta de plantar árvores e chegou à conclusão que a agricultura precisa se desenvolver reflorestando e não destruindo a mata.

“A natureza se adapta na variedade e uma espécie ajuda a outra, não pode ter uma cultura só”, explica o agricultor que também se considera um pesquisador. Com esse lema ele produz na sua propriedade cupuaçu, laranja, coco e chuchu consorciado. Produz citrus consorciado com coco e teca, faz adubação orgânica com esterco de ovinos, galinhas e irriga reutilizando água da piscicultura, que desenvolveu especialmente para este fim.

“Além disso, eu tenho mais de cem espécies de árvores plantadas e todo ano eu planto novas espécies. Este ano fiz um plantio de acácia (Acacia mangium) que está se desenvolvendo muito bem na região”, argumenta. “A gente pensa na natureza em primeiro lugar, no sequestro de carbono e depois tem o benefício que éo dinheiro, mas tem que plantar antes de cortar para nunca deixar acabar”, completa.

Com esse pensamento já despertou o interesse de madeireiras para comprar sua produção e possui uma renda acima da média dos produtores da região. Apenas com os citrus e coco ele lucra mais de 45 mil reais por ano. Sua produção é vendida diretamente na feira do município, em mercados e restaurantes a um preço mais caro que a concorrência, devido a sua qualidade.

Ainda de acordo com Dirceu muitos agricultores na região querem fazer o mesmo, mas falta mais divulgação e mais qualificação. “Tem espaço para mais agricultores produzir e nós poderíamos estar vendendo nossos produtos para fora ao invés de comprar alimentos de outros estados”, acredita. “Com os sistemas agroflorestais um agricultor bem orientado pode criar sua família em cinco hectares ou menos na Amazônia”, finaliza.

Estes sistemas possuem custos de oportunidade competitivos com os diversos tipos de usos do solo na região, com uma distribuição da receita mais uniforme ao longo do ano, o que beneficia o agricultor. Falta apenas uma política de incentivo com projetos de crédito a longo prazo, que permitam a manutenção dos custos de produção das espécies nativas madeiráveis, uma das atividades com mais alto potencial de geração de renda nestes sistemas, afirma Paulo César Nunes, Engenheiro Agrônomo, especialista em Agricultura Tropical e coordenador do componente de sistemas agroflorestais do projeto.

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