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Parceria com empresa madeireira viabiliza aumento da produção de castanha-do-Brasil

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A exploração sustentável de produtos não-madeireiros, como a castanha-do-Brasil nem sempre foi vista como economicamente viável. Na região noroeste de Mato Grosso, parcerias entre agricultores, indígenas, extrativistas, empresas, entidades não-governamentais e governos locais e estadual têm mostrado que essa opção não só é possível e viável economicamente, como já é uma realidade. No município de Juruena, a 920 km de Cuiabá, uma parceria inédita, entre uma empresa madeireira e uma cooperativa de pequenos produtores apoiados pelo projeto Poço de Carbono Juruena já começa a dar novos e bons frutos.

Um termo de cooperação técnica firmado entre a Rohden Indústria Lignea, Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (COOPAVAM), Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e o Projeto Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade das Florestas do Noroeste de Mato Grosso, executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA-MT), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) vai garantir o aumento da produção de castanha-do-Brasil de agricultores familiares do Município de Juruena, região Noroeste de Mato Grosso. Pelo termo de cooperação, firmado no mês passado, a empresa irá permitir a exploração de castanha na fazenda Rohsamar, que possui uma área de 25 mil hectares, cujo único uso até então, era o manejo florestal madeireiro de baixo impacto.

O objetivo da parceria é apoiar a produção e comercialização de produtos florestais não-madeireiros por agricultores familiares, como forma de valorizar a conservação e o uso sustentável da floresta. Para Felipe Stühler, diretor da Rohden, a cooperação ajuda a conscientizar a população de que é possível desenvolver o setor florestal com uso sustentável de produtos não-madeireiros. “A extração de castanha em nossa área ajuda o desenvolvimento do município, pois vai garantir o aumento da produção da cooperativa”, aponta. “Além disso, esta é uma forma também de ajudar a proteger a nossa área”, complementa.

Essa parceria foi viabilizada graças a iniciativa da Rohden Indústria Lignea, através de seu comprometimento com as questões socioambientais, e a ADERJUR, com o apoio do Projeto Poço de Carbono Juruena, projeto este patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental. O projeto Poço de Carbono Juruena selecionou inicialmente um grupo de nove agricultores que participará da coleta de castanha na fazenda. O primeiro passo será fazer um levantamento das castanheiras e a definição das áreas de coleta, que será efetuada em etapas. Paulo César Nunes, coordenador técnico do projeto Poço de Carbono Juruena explica que a meta é que os agricultores possam atingir uma produção anual de 100 toneladas de castanha, que atualmente está em 65 toneladas. “A fazenda é a maior área de floresta particular do município e a Rohden, que está há 30 anos na região, é uma empresa responsável”, avaliza.

De acordo com o coordenador, o interesse por esta parceria já existia há pelo menos quatro anos, mas com a realização do projeto, foi possível garantir sua viabilização. O grupo de agricultores selecionado está recebendo treinamento para entrar na área de maneira que a coleta respeite a regeneração natural da espécie e a fauna local, a qual precisa de uma parte das castanhas para alimentação, que seja sempre usado o equipamento de proteção individual (EPI), oferecidos pelo projeto. Toda a produção será registrada para demonstrar a viabilidade da extração e a partir de 2011 será feita a medição de biomassa das castanheiras, para estimar o estoque de carbono sendo conservado nestas árvores na floresta. Simultaneamente os agricultores serão capacitados para a produção de um mapa dos castanhais com uso de GPS para facilitar a coleta e o transporte da castanha dentro da floresta.

Para Irineu José Bach, diretor de produção da Coopavam, a parceria, além de viabilizar o aumento da produção, irá ajudar a reduzir os custos de sua produção. “A extração de castanhas na área do assentamento não é suficiente para a nossa produção, por isso compramos de extrativistas parceiros, como é o caso dos índios Rikbaktsa”, explica. “Como a área da Rohden é vizinha do assentamento, nós podemos aumentar a produção sem aumentar muito o custo dessa produção”, completa.

A fábrica de castanha da Coopavam teve início em 2008 e em dois anos já aumentou sua produção em 50%, envolvendo 14 famílias do assentamento Vale do Amanhecer. Apesar desse rápido crescimento, Irineu Bach, garante que é a soma de esforços e parcerias que vem garantindo o resultado. Além dos parceiros na região, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) tem sido muito importante para realização de seus negócios. Atualmente vendem castanha sem casca para a CONAB, distribuindo o produto na merenda escolar em 06 Municípios da região e para mais duas grandes empresas, além disso, estão desenvolvendo castanha com sabores, como salsa, cebolinha e churrasco, ainda em fase de testes.

Projeto Poço de Carbono

O objetivo central do projeto é demonstrar a viabilidade econômica de seqüestro de carbono por meio de Sistemas Agroflorestais – SAFs, que, além de fixar o carbono no Município de Juruena, gerar renda aos pequenos e médios agricultores rurais de forma associada e participativa. A expectativa é que seja um modelo de projeto de desenvolvimento rural e conservação ambiental que tem como alavanca, a futura venda de créditos de carbono. O projeto será desenvolvido com 150 agricultores, envolvendo uma área de 660 hectares com Sistemas Agroflorestais-SAFs e 7.000 hectares de área onde o desmatamento será evitado.

Rohden

Desde sua criação, a Rohden se preocupa com a sustentabilidade do seu empreendimento. Desde que veio para Mato Grosso há 30 anos, possui plano de manejo florestal desde 1992 e conquistou, em 2003, o selo FSC (Forest Stewardship Council), o selo verde mais reconhecido do mundo, com presença em mais de 75 países e em todos os continentes. A empresa possui um programa de Educação Ambiental com a Secretaria Municipal de Educação de Juruena para difundir princípios de exploração sustentável dos recursos naturais. Pela sua trajetória e responsabilidade socioambiental já firmou parcerias de pesquisas com universidades, como a Universidade Federal de Mato Grosso e a Universidade de Cornell durante o Programa LBA/NASA. A base de seu negócio é a fabricação de portas maciças, batentes, móveis de jardim, deck, portas externas e madeiras semi-elaboradas, entre outros produtos.

Saiba mais em: http://www.carbonojuruena.org.br/

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